Na vida de Jesus, me admira, sobretudo, a coragem de um Homem que desafiou o status quo à época com uma palavra que ainda hoje dá calafrios em boa parte de uma sociedade que se sucumbe à ideologia do ter, esquecendo-se que a felicidade está, simplesmente, em ser – pois é esse, creio eu, o único motivo para estarmos vivos. Sim, meus amigos, o amor ainda é, nos dias atuais, o termo que serve de base à subversão, que tem seu esteio na indignação. E é o amor a única forma de transvestir nossas vidas em plena felicidade.
Dias atrás, conversando com uma senhora, na serenidade dos seus 60 e poucos anos, fui indagado sobre ela, a felicidade. “Saiba, meu jovem (embora já não me ache tão jovem assim, já gostei da desafiadora pergunta desde aqui), que a felicidade tem um preço muito alto”, concordei afirmativamente com a cabeça antes que ela emendasse: “e sabes qual é a única ‘moeda’ que compra felicidade?”. Sem que tivesse tempo de responder – e que permitisse até mesmo falar alguma bobagem -, ela se antecipou: “o preço que se paga pela felicidade, meu filho, é a coragem”.
É comum, nessas épocas de encerramento de ciclo, o desejo aos amigos e parentes dessa tal felicidade. Porém, esse ano – em que fiquei em débito com muitos aqui em razão das turbulências cotidianas -, quero desejar a vocês muita coragem para viver todos os dias que virão.
Coragem para olhar pra dentro de si e ver o que precisa ser consertado para seguir em frente.
Coragem para mudar e experimentar o novo, seja roupa, emprego, cidade ou País.
Coragem para buscar conhecimento e quebrar paradigmas, mesmo que isso, em um primeiro momento, lhe cause dor, antes de trazer conforto.
Coragem para perdoar seus amigos, e, sobretudo, seus inimigos.
Coragem para enfrentar com suavidade perdas, decepções e quedas.
Coragem para deixar a rotina, nem que seja por um dia, e parar para ver um por ou nascer do sol. E perceber o quanto somos pequenos diante da magnitude e perfeição da natureza.
Coragem para dar um grande e fraterno abraço, sem medo, em uma pessoa que você nunca viu na sua vida – e que, talvez, nunca mais a veja.
Coragem para se indignar e lutar contra a injustiça, o ódio e o preconceito
Coragem para levantar de manhã e, mesmo sabendo que enfrentará dificuldades, botar um sorriso no rosto e dar bom dia até ao primeiro vira-lata que encontrar pela rua.
Coragem para ser forte no conteúdo, sendo, sempre, suave na forma.
Coragem para amar e encarar a vida com a serenidade de um adulto e a alegria de uma criança.
Coragem, sobretudo, para pagar o alto, mas compensador, preço que a felicidade nos cobra.
Porque a vida é um presente que recebemos de um Deus feliz que – complementando, com todo o respeito, Nietzsche – dança, canta, dá gargalhadas e toca pandeiro, agogô e tamborim...
Um abraço, corajoso, e um feliz 2011!