domingo, 17 de maio de 2009

Onde está a honestidade?...


O temor da potencial nova derrota nas eleições presidenciais de 2010 tem feito tucanos e demos se bicarem cada dia mais no ninho oposicionista.

Acostumados a serem sempre da Casa-Grande, os representantes da elite corrupta não sabem dançar no terreiro da oposição, mesmo com as "atravessadas no samba" dos que hoje comandam o engenho.


Mesmo quando tentam criar uma nova crise - depois da marolinha, do dossiê da "dona" dilma e dos grampos -, as trapalhadas da dobradinha do "quanto pior, melhor" acabam botando mais lenha em seu próprio ninho.

O "fair-play" (existe isso em política???) às avessas dos tucanos, ao tentar implantar a CPI da Petrobras fez arrepiar penas no viveiro demo. Investigar as supostas irregularidades - já, devidamente investigadas pelos órgãos competentes, como a Polícia Federal e o Tribunal de Contas da União - nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, reacenderia a chama no já abafado suposto esquema de doações ilegais da Camargo Corrêa para políticos da própria oposição, como Heráclito Fortes, que empregava até bem pouco tempo Luciana Cardoso, filha de FHC.

Isso sem contar no que vem acontecendo no Rio Grande do Sul, onde as penas estão voando pelos pampas. Desde o início do governo de Yeda Crusius, os "aliados" demos colocam um graveto por dia na fogueira que está depenando a governadora tucana.

O primeiro a botar lenha foi o ex-vice Paulo Feijó, expulso do DEM depois de ter vazado gravações que comprovariam atos de corrupção e financiamento ilegal da campanha da governadora do Estado. Por muito menos, o clã Sarney cassou a vitória do pedetista Jackson Lago nas urnas no outro extemo do país.

A revista Veja - notória representande da oligarquia tucana paulista, que tem uma aproximação bem mais do que "ética" com a cúpula Demo -, há duas semanas, está jogando álcool na fogueira onde Yeda queima. Tudo bem aos moldes do que foi feito antes da campanha presidencial de 2002, quando a tropa de choque serrista - comandada pelo então delegado federal Marcelo Itagiba - tratou de levar às cinzas a pretensa candidatura de Rosena Sarney.

O duelo sempre foi uma coisa presente na política e na cultura brasileira. Que digam Noel Rosa e Wilson Batista, que se bicaram nos idos dos anos 30 em defesa do território boêmio das noites cariocas.

Os motivos, no entanto, eram muito mais nobres. E os propósitos também. Tanto, que apenas um saiu ganhando nesta briga de bamba: a cultura popular e, consequentemente, o povo brasileiro.

Do duelo, e da amizade, nasceram composições que, de forma simples, revelam ao povo brasileiro as artimanhas do mundo do poder e da política brasileira. Pois, como diria Wilson Batista, se "em terra de cego, quem tem um olho é rei", o povo indaga, a la Noel Rosa: "onde está a honestidade?" (abaixo interpretada por Rubinho Jacobina, na maravilhosa Orquestra Imperial).





Créditos:
- Capa do disco "Roberto Paiva & Francisco Egydio - Polemica Wilson Batista x Noel Rosa", de 1956, disponível para baixar no Loronix.
- Wilson Batista, no site de música do Uol.
- Noel Rosa, no blog Hoje na História, do Jornal do Brasil, em reportagem que fala da morte do compositor em 1937.
- Vídeo da Orquestra Imperial na homenagem ao Noel Rosa, feita no Som Brasil, disponível no Youtube.