segunda-feira, 11 de maio de 2009

Uma lei severa para o trabalhador...

No dia 14 chegou às bancas mais uma edição da revista Caros Amigos. Desta vez com uma reportagem que eu produzi. Fiquei muito feliz em ver a reportagem na revista cujo editor, o eterno Sérgio de Souza, em poucas - e boas - conversas me ensinou muito sobre o jornalismo e, principalmente, sobre o anti-jornalismo, que muito se pratica.

Sergião sempre prezou o objetivo social do jornalismo - um jornalismo de transformação -, em lugar do jornalismo de interesses, muito comum nas grandes redações nos dias de hoje. Na reportagem (vai um aperitivo aí embaixo) falo um pouco sobre o conluio entre mídia e a politicalha que se faz no Brasil em favor dos endinheirados. A operação abafa sobre as investigações envolvendo a Camargo Correa foi mais um triste episódio do jornalismo de rapina que assola o país.

Seu grande mal (o da mídia gorda) é, justamente, se colocar como independente, imparcial e porta-voz da opinião pública. Pensa que o povo não entende nada sobre aquilo que os oprime e por isto se torna refém das palavras pinçadas pelos "intelectuais" que defendem o status-quo nas TVs e jornalões.

Se esquece que caráter e noção do que é certo e errado não se aprende na escola. Vem de berço. E que, mesmo em uma linguagem que poupa as "excelências" num bate-boca, o povo sabe que há "uma lei severa para o trabalhador e outra de colher de chá e de caô-Caô", como diria o poeta do morro Bezerra da Silva - no vídeo abaixo, uma parte do documentário "Onde a Coruja Dorme".

Como a mídia grande abafou o caso da Camargo Corrêa

São Paulo, 25 de março de 2009. No escritório de uma agência de comunicação localizada na Avenida Paulista, a cúpula da Construtora Camargo Corrêa se reúne com assessores para definir estratégias para abafar mais um escândalo da série em que a empreiteira se envolveu desde quando foi criada, em 1939. Horas antes, ainda durante a alvorada, a Polícia Federal havia desencadeado a operação Castelo de Areia que levou à prisão quatro executivos e duas secretárias da construtora, além de quatro doleiros, um deles com trânsito fácil entre empresários e políticos representantes da chamada “elite brasileira”.

A acusação, mais uma vez, é grave. Segundo a Polícia Federal, os diretores da Camargo Corrêa são acusados de fazer parte de um grupo criminoso que frauda licitações, superfatura obras públicas e envia os recursos desviados para contas em paraísos fiscais. Durante as investigações, liderada pelo coordenador da área de combate ao crime organizado da Polícia Federal em São Paulo, delegado Alberto Legas, foi descoberto ainda que a quadrilha também pratica a velha tática de oferecer vultosas quantias a políticos e membros do poder público em troca de benefícios durante os processos licitatórios.

A reunião é tensa. Entre olhares desconfiados, mordidas nos lábios e expressões pouco amigáveis, um dos executivos da construtora revela que a investigação pode levar à Polícia Federal a mares nunca antes navegados no submundo da corrupção no Brasil. “O problema é que esta é apenas a ponta do iceberg”, bradou aos colegas.

(Leia a reportagem na íntegra na edição 146, de maio de 2009, da revista Caros Amigos)




Imagens:
- Capa do álbum "Meu Bom Juiz", de Bezerra da Silva, à venda no Submarino.
- Charge de Angeli, reproduzida no blog do Joildo dos Santos.
- Trailer do documentário "Onde a Coruja Dorme", no Youtube.